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Foto do escritorLuciana Fernandes

Comunicação e comportamento

Sabe aquela angústia que a gente sente quando estamos tentando explicar uma coisa para alguém e este não consegue entender nada do que falamos? Sabe quando você vai viajar e o seu inglês não é tão bom quanto você imaginava e aí não percebe nada do que o outro fala?


Pois é, muitas vezes nos sentimos mal, ficamos envergonhados ou até mesmo irritados com situações assim. E sabe por que?


Porque a comunicação sempre teve e sempre terá um papel muito importante na vida das pessoas, pois através dela, partilhamos sentimentos, conhecimentos, informações e interagimos.


O ato de se comunicar é uma atividade vital para o convívio em sociedade e necessita de alguém que transmita uma informação e, outra que a receba, interpretando-a.


Um conjunto de gestos, sons, sinais e sentimentos estão envolvidos entre aqueles que se comunicam e, muitas vezes, a forma com que as pessoas interpretam estes códigos, pode fazer da comunicação uma sucessão de mal-entendidos.


A professora diz uma coisa e o aluno percebe outra; a mãe pede uma coisa ao filho e este, interpreta de uma maneira diferente, ou seja, nos processos de comunicação entre as pessoas é natural que isto aconteça, contudo, no caso de crianças com autismo, isso pode ser ainda mais complicado, devido a inabilidade que elas possuem para se comunicarem.


No lugar de dizer não quero, a criança com autismo pode ser agressiva pelo fato de ter dificuldade em falar, manifestar ou dar a conhecer aquilo que sente e pensa.


Desta forma, é possível refletir que no autismo, a comunicação e o comportamento podem estar interligados, por isso, a importância de estarmos atentos à forma com que esta comunicação ocorre com o nosso aluno no processo de aprendizagem.


Um exemplo inquietante é sobre o vocabulário que utilizamos ao solicitar que as crianças façam algum exercício ou atividade. Pedimos ao aluno para grifar, circular/rodear, desenhar, escrever, enumerar, enfim, será que ele sabe o que significa circular ou rodear uma palavra? E aí pode estar um dos mal-entendidos mais comuns, pensarmos que o aluno não aprende, sendo que não verdade ele não percebe o significado daquilo que se está a pedir!!!


Em situações como a descrita acima, é provavél que a criança se desorganize ou dispense um tempo muito maior para a realização daquela tarefa, devido a este “possível desconhecimento” sobre o enunciado da atividade, gerarando assim, uma dificuldade na comunicação entre professor e aluno e até problemas no comportamento desta criança.


Existe uma ansiedade que é boa e natural, por parte dos pais e dos professores, em saber o método mais adequado para alfabetizar as crianças com autismo, sugestões de estratégias, recursos e etc, entretanto, há algo que necessita anteceder esta preocupação, que é compreender o comportamento deste aluno, observá-lo, conhecê-lo!!


Por que o meu aluno é agressivo? Em que situação esta agressividade ocorre? Em que lugar? Tempo? Quais são as pessoas envolvidas? Como posso entender o comportamento de oposição? Por que ele não faz esta atividade? Como ele se comunica? Do que ele gosta ou não gosta? Quais são os seus brinquedos preferidos?

Estas e outras dezenas de perguntas podem ajudar o professor a construir um mapa das características deste aluno para traçar diretrizes que o permita organizar e planejar o trabalho pedagógico, sempre com a colaboração da família e dos terapeutas envolvidos.


O que pode aproximar o diálogo entre esta tríade família – escola – terapeutas e também facilitar muito na comunicação entre todos, é um caderno. Isso mesmo! Um caderno para a comunicação, para relatarem experiências, sugestões, partilhar algo de sucesso ou também para pedir ajuda!


Atuar na perspectiva da inclusão, necessita que muitas barreiras sejam quebradas!


A barreira do medo, para podermos interagir e nos aproximar com segurança da criança com autismo quando ela apresenta algum comportamento agressivo.


A barreira da insegurança, quando achamos que somos incapazes de trababalhar com estes alunos.


A barreira da incomunicação, quando não conseguimos perceber aquilo que o nosso aluno nos quer dizer.


A barreira da descrença, quando não acreditamos que é possível ensinar em contextos difíceis e tão diversificados.


Entre tantas outras barreiras que poderemos encontrar, a principal a se vencer é a da descrença, pois ACREDITAR é a palavra-chave desta discussão.


Será a nossa crença que nos mobilizará a conhecer mais, estudar e aprender mais, buscar ajuda, confiar em nós mesmos e ir em frente!

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